Oi Oi!
Mais uma edição da nossa Speak Easy! A ideia aqui é reunir dicas aleatórias para nossa vida ser menos boring e sermos menos engolidos pelo caos diário… vamos explorar de maneira fácil assuntos variados, um jeito fun de aumentar nosso repertório para conversas casuais. Por isso o nome! Afinal esses encontros que nos fazem deixar o celular de lado e descobrir algo novo são meu hobby favorito! Yey!
Para isso nada melhor do que recorrer ao meu hall de amigos brilhantes para escrever aqui, cada um com sua expertise e para quem corro para perguntar quando quero entender melhor determinado assunto.
Eu acho engraçado como o destino, universo, chame como quiser coloca pessoas nas nossas vidas e como esses caminhos vão se desenrolando. A convidada de hoje estudou com o meu namorado, mas muito antes de eu conhecê-lo ela iniciou o mesmo curso que eu na faculdade só que procurou outros caminhos e não deu continuidade.
Alguns anos depois quando já estava com meu namorado há algum tempo, ela nos viu juntos e mandou uma mensagem para os dois e foi assim que descobrimos essa pessoa em comum e aos poucos fomos ficando mais próximas novamente.
Acompanhei a trajetória dela de longe no início, e depois de algum tempo mais de perto e posso dizer que é uma pessoa que sempre teve coragem para ir atrás de algo novo quando não estava feliz! Coragem essa que eu lá nos meus 20 e poucos não tive muita, sempre pressionada pela ideia falsa da estabilidade profissional.
Foi quando ela fez sua virada de chave e se tornou terapeuta que eu vi uma transformação na sua vida como um todo e o quanto ela passou a brilhar no seu máximo!
A Maiara sempre foi bastante ligada a questões holisticas e eu como curiosa desse mundo mas sem a disciplina dela para mergulhar em tantos cursos sempre estou ali perguntando uma coisa ou outra…
Certo dia tinha assistido ao documentário Como mudar sua mente, que fala sobre o uso de psicodélicos em algumas terapias e fiquei bastante curiosa. Por um tempo comentei por aí, mas nunca tinha topado com alguém que tivesse usado os psicodélicos com essa finalidade terapêutica até que falei com a Ma e não é que ela já tinha passado pela experiência?
Foi então que surgiu o convite para escrever por aqui, mais sobre como ela se sentiu com o processo como paciente do que o lado técnico da coisa que certamente tem informações de renome por aí!
Assim como na última speak easy falamos sobre o álcool, reforço que aqui é um conteúdo apenas para curiosos e jamais substituirá o acompanhamento profissional.
Dito isso, queria agradecer a Ma por topar expor sua intimidade por aqui para que a gente possa matar nossa curiosidade e abrir espaço para conversa.
Espero que aproveitem essa viagem!
Com a palavra Maiara!
Olá queridos!
É com grande entusiasmo que escrevo para vocês. A convite da Mari, vou contar um pouquinho da minha experiência com a terapia psicodélica. Mas antes deixem eu me apresentar.
Sou Maiara, biomédica por formação, terapeuta por vocação e pós graduanda em Neurociências pela Unifesp. Me tornei terapeuta após muito sofrimento interno e muuuuuitos anos de terapia. Costumo dizer que na busca pela cura das minhas feridas internas, encontrei um caminho de libertação e tenho como missão trazer mais gente pro lado leve da vida!!
Nessa busca por me entender, entender minhas dores, me libertar de algumas sombras, entendi há muitos anos que o caminho era pra dentro. Aqui vos fala uma pessoa que faz terapia há uns 14 anos. E nessa jornada já testei de tudo um pouco. Algumas coisas funcionaram para mim melhores que outras, e no mundo das terapias holisticas foi onde encontrei mais acolhimento ( e alívio!!!!) para as minhas questões.
Hoje estou aqui pra contar para vocês da minha experiência com a terapia psicodélica!! Então vamos lá!!
Eu não busquei a terapia psicodélica de forma repentina, foi apenas recentemente, e depois de muito me conhecer que me senti pronta.
Eu sabia que já conhecia muito sobre mim, mas também sabia que tinha muita coisa presa no meu inconsciente que eu sentia que precisava entrar em contato para compreender um pouco mais a fundo. E em um misto de alinhamento dos planetas com destino, caí em um curso de formação em técnicas terapêuticas no qual a professora estava se formando em terapias com uso de psicodélicos (nos EUA).
Demorei alguns meses para tomar coragem mas comecei a pesquisar sobre e tive contato com dois conteúdos na Netflix que me tranquilizaram um pouco quanto a minha decisão. Um deles foi fungos fantásticos e o outro como mudar sua mente. O primeiro é um documentário que fala mais sobre os infinitos usos e benefícios dos cogumelos e suas propriedades terapêuticas. O segundo já conta com alguns episódios, como se fosse uma mini série, e aborda alguns tipos de substâncias psicodélicas e sua aplicabilidade em terapias para pessoa com transtorno de ansiedade, depressão, estresse pós traumático, entre outros.
Achei muito interessante, e se você está pensando em testar esse tipo de terapia, ou só está curioso mesmo, eu recomendo fortemente que assista a esses que mencionei.
Ver as pessoas participando de estudos acadêmicos e tendo ótimos resultados, fez com que eu me sentisse mais segura e inclinada a testar. Tomei minha decisão e fui - com um pouco de medo, misturado com animação- para minha terapia psicodélica.
Como a terapeuta em questão já me conhecia, e conhecia minhas questões, a sessão inicial foi simples, algumas perguntas específicas e a confirmação de que seria uma boa candidata para esse tipo de terapia.
No dia da sessão cheguei ao consultório, era uma sala normal, como se fosse um consultório médico, com uma maca. Tomei uma dose de cogumelo psilocybe cubencis que estava adequada ao meu peso, altura e objetivo, determinado pela terapeuta - minha professora. Eu me senti segura pois sabia que estava num local seguro, ambiente controlado, com uma pessoa da minha confiança, que sabia muito bem o que estava fazendo.
Sobre a substância em si, o gosto é ruim, não vou mentir, parece terra com textura de borracha, mas mastiguei e engoli, mais tranquilo que muito remédio por aí.
Deitei na maca, coloquei fones de ouvido com músicas em frequências específicas (neuroacustica mencionada no documentário Heal para quem tiver interesse), para acessar mais conteúdos do insconsciente e em alguns minutos já tive alguns acessos.
Lembrei de fatos da minha infância, coisas que aconteceram com meus avós, e sentia muita tristeza. Fui sendo conduzida para uma libertação e ressignificação de tudo que o inconsciente me trouxe. Em alguns minutos ou horas senti que tirei um elefante pesado do meu coração. Me senti mais leve, quando voltei eu lembrava de tudo, cada imagem, cada palavra. Lembro até hoje nitidamente. Não teve apagão, não teve sensação de perder a noção das coisas. Foi profundo mas ao mesmo tempo foi leve.
Ressalto a importância de estar em um ambiente completamente controlado e com uma pessoa que entenda muito bem o que está fazendo, com seriedade e estudos. Não sei se teria sido o mesmo tipo de experiência se estivesse em grupo, mas no formato em que eu experienciei, me senti completamente segura e assistida o tempo todo.
A verdade é que eu sofri com depressão por muitos anos, eu já estava bem há uns 7 anos quando passei por essa experiencia, mas e eu gostaria muito de lá atrás ter tido acesso a essas terapias, talvez as coisas tivessem sido diferentes para mim.
Eu tive uma boa experiência, durante e depois de todo o processo.
Se te interessou e quiser conversar mais sobre, me coloco a disposição de esclarecer dúvidas mais pontuais!
Super beijo e obrigada por lerem até aqui. Obrigada também a Mari pelo convite e espaço incrível para falar de coisas interessantes que nos abastecem de conhecimento não convencional 🫶🏼.