Como boa millenial que sou gosto de observar as voltas que o mundo, ou aqui no caso, o comportamento online dá. Desde o tempo da internet discada até hoje, vimos esse espaço digital se transforma de muitas formas até hoje ser algo praticamente indispensável no nosso dia a dia.
A verdade é que na era da economia da atenção, com cada vez mais opções, cada vez mais tendências para se estar atualizado e cada vez mais publicidade no lugar de conteúdo, a assinatura tem se tornado uma alternativa para garantir não só a recorrência de público, mas também a certeza de receita independente de plataforma, ou necessidade de anúncios pagos.
Vejo atualmente o modelo de assinatura como a melhor substituição para as redes sociais, no momento. Afinal ao pagar uma delas é como pagar o direito a ter acesso à um grupo restrito, a mesma sensação de pertencimento que essas redes sociais queriam nos trazer, mas que ao ficarem tão grandes e comerciais acabaram perdendo esse sentido.
No começo do ano falei aqui sobre o Substack, plataforma que utilizo para enviar essa newsletter e de como esse modelo de negócio atraiu sobretudo o pessoal do mercado editorial que perderam seus empregos na virada para o 100% digital, através do suporte de seus assinantes. Ao optarem por não terem anunciantes, eles puderem promover um conteúdo verdadeiramente autoral, pois não deviam satisfação para uma marca, ideologia, ou pauta - apenas para o seu público que ali estava porque sentia alguma identificação.
O mesmo movimento agora começo a ver de produtores de conteúdo nativos digitais.
Influenciadores começam a restringir boa parte de seu conteúdo, seja para o close friends, seja para plataformas fechadas. Algumas que conheço que já estão trabalhando com essa estratégia, me dizem que os resultados estão sendo ótimos - ao invés de falarem para milhares de pessoas suas audiências se tornaram menores, porém muito mais ativas, a troca é muito mais genuína, e a quantidade de haters acaba caindo para zero, criando um espaço muito mais harmonioso.
Ganha o criador de conteúdo que está exaustos de lutar contra os algoritmos e modelos impostos pelas plataformas que demandam cada vez mais. Ganhamos nós como audiência que recebemos um conteúdo mais verdadeiro, sem (insira aqui a marca que tem te atormentado de publicidade), e temos a opção de sempre cancelar a assinatura quando essa não faz mais sentido.
Ganhamos também em tempo, pois o modelo de assinatura nos obriga a fazer uma curadoria do que vamos consumir, já que não seremos capazes de assinar o conteúdo de cada pessoa que seguimos hoje.
Os programas por assinaturas têm se tornado uma alternativa tão óbvia que inclusive meta e tiktok parecem estar estudando opções de planos onde poderá se pagar para não ter anúncios, querendo garantir assim também a sua fatia do negócio. Algo parecido com o que já temos no spotify ou netflix.
A verdade é que ao longo dos últimos 20 anos nos acostumamos a ter muita coisa de graça, mas há algum tempo já começamos a entender que esse de graça não é realidade, sempre pagamos, seja disponibilizando nossos dados, seja o nosso tempo, ambos ativos valiosíssimos na economia atual.
A meu ver o futuro do conteúdo 100% gratuito na internet vai diminuir muito daqui para a frente. Até pode ser que haja resistência no começo justamente por esse espaço ter sido fonte de informação democrática e acessível desde que nasceu, mas podemos observar que muito já foi absorvido por nós de forma natural. Tenho certeza que há pelos menos umas 3 assinaturas no seu orçamento mensal.
Do lado negativo desse movimento há sempre de se pensar alternativas para que aqueles que não tem condições possam continuar usufruindo os benefícios do acesso livre internet, e o perigo de termos cada vez menos o contato com o diferente (oi polarização), algo também super polêmico nos tempos atuais.
O assunto é delicado e polêmico...como tudo que diz respeito a natureza humana. Por aí em qual estágio você se encontra na economia de assinatura? Aqui apoio newsletters feliz da vida de autores que gosto, porém até outro dia me recusava a pagar uma mensalidade por uma nuvem de dados, aí estaria a beleza, o poder de escolha de volta na mão do consumidor dentro aquilo que faz sentido para cada um...
Pra Ficar de Olho:
- Tiktok estuda versão paga sem anúncios.
- Meta oferecerá assinaturas sem anúncio na Europa.
- Um livro para aprofundar no assunto.
acho super positivo a transição para o modelo de assinaturas para algumas indústrias, como o exemplo aqui citado do editorial e substack.
por outro lado, não há valor também nas plataformas onde se tem fácil acesso a conteúdo gratuito? vejo grande valor no YouTube, onde há conteúdo educacional, jornalístico, entretenimento, artístico, de grande qualidade - mas claro, há muita bobagem também, clamando por views...
o que você acha do meio termo, como Youtube Premium, Nebula? plataformas em que se paga uma subscrição mensal, dispensa-se de ads, e o dinheiro vai para uma “piscina” compartilhada entre os criadores de conteúdo?